quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Paradigmas Educacionais

Entre a década de 30/40, Portugal vivia em plena ditadura salazarista, com grandes diferenças sociais, onde a analfabetização representava cerca de 70 – 75% da população nacional. Uns apontavam como razão para esta elevada taxa, a falta de interesse do povo em aprender a ler, a escrever e a contar, dado que a população era muito pobre, não tinha dinheiro para estudar, nem tempo, pois tinham que trabalhar na lavoura ou noutro ofício manual. Como confirma o excerto do D.L. 22040 de 1932, ter uma profissão, não iria servir de nada, pois não haveria clientes, por não terem como pagar, e que o trabalho na terra ainda lhes garantia o sustento. Bastava-lhes somente o ensino básico de 3 anos. Por outro lado, os defensores do actual regime, preferiam que o povo não tivesse instrução, para não terem vontade própria e não pensarem, de forma a puderem ser facilmente manipulados, para proveito do próprio Estado. Se fossem para a escola, que funcionava maioritariamente nas principais cidades, podiam não querer voltar para os ofícios anteriores e abandonassem o trabalho na terra, podendo criar instabilidade nas cidades e desobediência ao regime. Esta tomada de posição é evidente na intervenção de um deputado da Assembleia Nacional em 1938, que perguntava para que serviria ao povo saber ler se ele era mais feliz, se se mantivesse na ignorância.
A educação era considerada como um aparelho do Estado, com a função principal do ensino da moral e da obediência, sendo tudo normalizado pelo Estado. As matérias eram escolhidas e organizadas pelo Estado. Os professores, eram principalmente mulheres, mal pagas, e sem grandes competências, tinham que ser dóceis, submissas e conservadoras. Os alunos eram vistos como um instrumento manipulador, não se incentivando o conhecimento nem a criatividade. A relação entre professor e aluno era baseada no autoritarismo, numa relação de comunicação unilateral entre emissor/receptor.

A partir da década de 50, com o fim da II Guerra Mundial e o desenvolvimento da industrialização, as pessoas começaram a mover-se para as cidades, modificando o paradigma social inicial, para o da sociedade industrializada, e o da educação assente no novo paradigma racional. Esta é a era da Modernidade, do desenvolvimento tecnológico e da economia baseada no aumento da produção e do consumo. A escolaridade começou a ser vista como um factor de produção de capital humano, pois formava uma mão-de-obra especializada, com alguma qualificação para o trabalho nas fábricas, Por serem qualificados têm mais poder de compra, estimulando o consumo, que por sua vez necessita de mais produção, traduzindo-se no crescimento económico. A democratização da escolaridade assenta numa massificação da escolaridade, que permite a igualdade de acesso a todos, gratuita, com vista a reduzir a taxa de analfabetização e as desigualdades sociais. A educação centra-se no desenvolvimento da cidadania, determinando quais as atitudes sociais, cívicas e judiciais que as pessoas devem seguir, conforme directrizes do Estado, representativo do povo (democracia representativa). A educação estipula a uniformidade da transmissão dos conhecimentos, dos pensamentos, do saber-fazer, da explicação do real através do método científico, que separa os conhecimentos das várias disciplinas, isolando tudo o que pode ser explicado e quantificado, não havendo lugar ao imprevisto e ao erro – Principio da Redução de E.Morin. A educação utiliza uma pedagogia mecanicista, muito estruturada; o professor continua a ser o centro de todo o conhecimento e tem a responsabilidade de transmissão desse conhecimento e dos valores da sociedade, sendo responsável também pela motivação e atenção dos alunos. Tem a seu cargo a organização, administração e avaliação, das aulas, dos comportamentos, dos recursos necessários e do julgamento dos conhecimentos adquiridos. Aumentam as relações interpessoais entre o professor, os alunos e entre estes, favorecendo a comunicação bilateral e incentiva-se o feedback, através da participação dos alunos. (Correia & Dias, 1998).

Este paradigma educacional durou até finais do sec. XX, onde se começa a verificar uma crise de orientações, definições e comportamentos. Assim no começo do sec. XXI assiste-se a uma alteração das formas de pensamento, de atitudes e valores sociais, originado pelo desenvolvimento da tecnologia da informação e do conhecimento, com a crescente importância dos mass media, aumentando a rapidez da transmissão do conhecimento a nível global, mas provocando um isolamento e um afastamento das relações interpessoais, conduzindo a uma desumanização. Nesta nova era pós-modernidade, estamos a viver um novo paradigma da sociedade do conhecimento, ligado ao dualismo em oposição ao unitarismo. Segundo Tedesco (1999) assiste-se a uma revolução global que afecta o modo de produção, mais especializados, mais flexível e ciclos de vida dos produtos mais curtos; valorizam-se as competências e flexibilidades dos trabalhadores, o trabalho em equipa e por objectivos. Afecta o modo de comunicação, alterando a noção espacial sem barreiras físicas e a noção temporal, sem dia e noite, pois a informação passa a estar constantemente disponível. Houve alterações também na própria democracia, passando de representativa para participativa, com uma prática de cidadania mais activa e global. A educação assenta nos princípios do paradigma Humanista, adaptando o desenvolvimento da cidadania e a igualdade de oportunidades do anterior paradigma, mas centra-se no desenvolvimento pessoal, promove a criatividade estética, a aprendizagem personalizada, a reflexão espiritual e moral. Vira-se para o saber-ser e não para o saber-fazer e valoriza-se a aprendizagem ao longo da vida e a autoformação. Os professores são meramente orientadores, motivadores e não detentores do conhecimento. Estas alterações têm o seu espelho no artº3 do DL-49/2005, conforme excerto fornecido. Com o excesso da informação e com a forma de aprendizagem anteriormente utilizada, na separação dos conhecimentos, Morin (2002) afirma que existe uma falta de percepção da realidade, pois o conhecimento está disperso, desunido, provocando uma desresponsabilização e falta de solidariedade e compreensão dos indivíduos, havendo uma antinomia entre o conhecimento e a realidade global. È necessário ter um conhecimento pertinente, desenvolvendo aptidões que despertem a curiosidade e a inteligência geral, sabendo situar o contexto das coisas, a nível global, tendo em conta as suas multidimensões e complexidades. È necessário ter em conta os “4 Pilares da Educação” de Delors (1996): i) aprender a conhecer-se a si próprio e ao mundo, com pensamento crítico, raciocínio e dedução lógicos e selectividade da informação; ii) aprender a fazer através de um desenvolvimento das competências e aptidões e relacionamentos interpessoais; iii) aprender a conviver e compreender o outro através do conhecimento do próprio “eu”, tomando consciência das diferenças e reacções de forma a diminuir os confrontos; iv) aprender a ser indivíduos com poder de decisão de acção, desenvolver a liberdade de pensamento, raciocínio, discernimento, criatividade, sentimentos e imaginação. A educação tem assim um papel importante a tentar humanizar a humanidade e a adaptar-se a um mundo em mudança.
Bibliografia:
- Correia, A.P.S.; Dias, P.(1998) – Revista Portuguesa de Educação, p.113-122 -  A Evolução dos Paradigmas Educacionais à Luz das Teorias Curriculares” http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/490/1/AnaPaulaSousa.pdf
- Vicêncio,A.,et al (2003/2004), UNL-FCT – “A participação dos Actores Educativos” - http://pessoa.fct.unl.pt/amv10999/interesses/AGE/AGE.pdf
Mónica, M.F.(Análise Social,vol XIII(50),1977-2º,321-353) – “Deve-se ensinar o povo a ler?”,http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223915576N2uIW7kz6Wc55GA7.pdf
- Tedesco, J. C. (1999) – “O Novo Pacto Educativo: Educação, Competitividade e Cidadania na Sociedade Moderna”
- Delors, J. (1996) – “Educação um Tesouro a Descobrir – Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Séc. XXI”
- Morin, E. (2002)- “Os Sete Saberes para a Educação do Futuro”
10/11/2010

O papel da escola e dos seus protagonistas na superação da crise de valores contemporânea

A escola tem como objectivo ajudar o homem a responder à pergunta permanente “O que devo fazer?”, na procura constante da melhoria da sua personalidade. Pela autodeterminação e liberdade de escolha, reflecte sobre a sua existência e o que o rodeia, desenvolvendo assim a sua consciência moral, determinando comportamentos morais e a criação de valores a seguir, com vista sempre à obtenção da felicidade e da dignidade humana.
A evolução histórica, social, económica, criou condições para um progresso moral, nem sempre conseguido, falando-se hoje em crise de valores. As razões são várias com consequências na sociedade e nas escolas, através da indisciplina, abandono escolar, insucesso escolar e violência, desacreditando a própria instituição educacional, “…a escola deixou de ser um lugar seguro…”

A transmissão de conhecimento de comportamentos e valores morais, é feita de geração em geração pelas famílias, que actualmente se encontram desestruturadas, logo essa transmissão falha. Por outro lado, passa-se pouco tempo em família devido às exigências do mundo de trabalho, havendo pouco contacto familiar traduzindo-se em falta de protecção familiar necessária à segurança da criança (falta lar ético). Colmatando estas falhas os pais protegem excessivamente as crianças, revoltando-se contra a escola e os professores, conforme os vários exemplos retratados no texto A, de agressões dos pais aos professores e colegas. Também a relação da família/escola é reduzida. É necessário que as escolas forcem a aproximação com as famílias, se torne uma escola aberta e flexível, utilizando novas formas de comunicar (TIC) e de funcionar em conjunto com as famílias . A escola deve identificar, alertar e tratar com as famílias os problemas de indisciplina e violência. Tem também a função de transmitir os conhecimentos de comportamentos morais adoptados anteriormente e os valores ideais a seguir.

Vivemos na era do racional e lógico onde tudo é objectivo, levando ao individualismo e subjectivismo, suspeitando de todas as reflexões da consciência. Este objectivismo também caracteriza o ensino escolar. A escola deve dar lugar, à promoção da reflexão do pensamento filosófico, permitindo o desenvolvimento da consciência, à dúvida, à incerteza.

Existe uma confusão entre liberdade e libertinagem derivado da posição privilegiada que a criança goza no ensino, de serem protagonistas da sua própria educação (puerocentrismo). Fazem mau uso dessa liberdade, exagerando e abusando da sua posição, pensando que tudo lhes é permitido, não tendo senso crítico e moral sobre a realidade. A escola deve ensinar que além dos direitos que as crianças conhecem, também lhes assiste deveres sobre a escola, sobre os colegas e sobre a sua própria aprendizagem.

Confunde-se também valores com valorização, pois a sociedade e as crianças formam conceitos vagos de ideias de valores, derivado das suas vontades, que determinam as atitudes de “eu quero, valorizo”. A escola tem que ensinar que valores, são juízos de valor que determinam uma acção e que são adquiridos pela imitação de exemplos a seguir e reflexões sobre atitudes desprezíveis e que estes é que devem ser orientadores de comportamentos morais.

Não existe credibilidade nos sistemas, no próprio homem, nem na sua própria acção, faltando auto estima e valoração da realidade, levando à frustração. Os alunos descrêem no ensino, porque não vêm oportunidades de emprego quando terminarem a escolaridade, os mass media alimentam esperanças que não se concretizam, criando desigualdades sociais, culturais e económicas, aumentando a violência nas escolas, por ser a acção mais fácil e gratuita de colmatar essas expectativas. A educação escolar deve formar indivíduos, não com a finalidade de serem uma força de trabalho qualificada, mas incutir nos alunos que eles são os agentes de mudança da sociedade, do mundo e deles próprios, que podem modificar o seu destino de forma consciente, responsável, autónoma, promovendo valores de cooperação, respeito por si, pelos outros, pelo colectivo, pela diversidade, pela relação entre professor e aluno, numa escola democrática, livre que estimula a criatividade, a espontaneidade e a liberdade de expressão.

O professor incumbido pelo seu código deontológico, tem direitos e deveres que o responsabiliza a educar, através do diálogo e do incentivo, da motivação e ajuda deve promover os valores morais e atitudes por parte dos alunos, de forma neutra mas condutora, clarificando situações, ajudando-os a reflectir, estimulando, através de simulações e exercícios. Os alunos devem determinar os valores a escolher, livremente dentro de várias opções, reflectindo autonomamente sobre os dilemas morais e consequências das escolhas feitas e actuarem de acordo com esses valores, devem ser construtores da sua própria personalidade e educação, mas não desresponsabilizando os outros intervenientes na educação, que também têm direitos e deveres, mas que muitos desconhecem, não são claros e não estão estipulados.

Bibliografia:

- J.M.de Barros Dias – Ética e Educação, UAb, 2004

- Silva, V. Gonçalves da – Violência na escola: “Não mate aula, mate o professor”, artigo de opinião, 2008 – www.psicologia.com.pt

- Santos, J.M. – “Clarificação de valores e a educação para os valores”, Revista fórum on-line, opinião, Julho 2005

20-12-2010

COMUNICAÇÃO E OS 5 SENTIDOS

De todas as definições sobre comunicação, vou juntar mais esta, sendo que não é completa e não pretende ser única
Comunicar – é compreender e fazer compreender determinada informação, de acordo com o seu contexto (senso comum, psicologia, filosofia, sociológicos e linguísticos), partindo a mensagem de um emissor, passado esta mensagem por um canal que chega ao receptor e que a descodifica, originando estímulos mentais de forma a formular mensagens futuras, como resposta, invertendo os papéis do emissor e receptor (comunicação interpessoal).
No processo básico da comunicação a Mensagem utiliza várias linguagens:
- Verbal – “o que se diz” e esta pode ser interrompida por vontade dos emissores/receptores. Pode adoptar 2 formas:
                        Escrita – é utilizada a palavra para transmitir a mensagem que fica registada, não é passageira e é clara e evidente – cartas, faxes, memorandos, anúncios, cartazes, comunicados, notas
                        Oral – é a transmissão da mensagem através da voz, do silencio, dos sons,  - telefone, intercomunicador, reunião, entrevista, diálogo, TV, rádio,…

- Não verbal - utiliza o corpo de forma consciente ou inconsciente para transmitir sentimentos, ideias, emoções, podendo substituir a linguagem verbal, ou reforçando-a ou acompanhando-a. Não pode ser interrompida ( ex: se uma pessoa cora não consegue parar de corar):

                        - gestual/mimica

                        - expressões faciais

                        -  olhar

                        - postura

                        - utilização do tom da voz

                        - silencio

                        -  toque

                         - simbólicas: uso de vários símbolos que dizem algo acerca da nossa personalidade, status,..: vestuário, casa, decoração, objectos, jóias, penteado
Para a passagem da mensagem e das suas formas de linguagem, utiliza-se 3 tipos
de Canais de comunicação que usam os nossos 5 sentidos:

- Canal auditivo – usa o sentido da audição
- Canal visual – usa o sentido da visão
- Canal cinestésico – usa os sentidos do olfacto, tacto e paladar
A comunicação só se torna eficiente se o emissor e o receptor usarem o mesmo canal de comunicação. Assim um dos problemas e dificuldades da comunicação é o uso diferenciado dos canais para transmitir a mesma mensagem.

Existem pessoas que são mais ouvintes, outras mais faladoras e ainda outras mais expressivas. É necessário a percepção correcta do canal utilizado na emissão da mensagem para utilizar o mesmo canal na recepção, de forma a evitar os mal entendidos, os conflitos, haver maior aceitação e diminuir, em parte, o ruído inerente à comunicação.
Os canais de comunicação estão intimamente ligados aos 5 sentidos e o uso desses canais não pode ser único, num mesmo processo de comunicação devem ser usados os vários canais, de forma a reforçar e melhorar a descodificação dessa mensagem.
Neste ponto, leva-me a reflectir que o uso dos 5 sentidos na comunicação é vantagem comum às pessoas normais, entenda-se aptas a usar os 5 sentidos – visão, audição, olfacto, paladar e tacto.
Mas como se processa a comunicação nas pessoas com necessidades especiais?
Como comunicam os cegos, os surdos, os mudos e os surdos -  mudos?
Qual o canal(s) que utilizam?
A sua comunicação é limitada ao canal que utilizam?
Comunicação nos surdos:
Estas pessoas têm um défice de um dos sentidos que é a audição.
Assim não podem utilizar o canal auditivo para comunicarem. Os canais a usarem para a comunicação entre pessoas com o mesmo défice e com pessoas ditas normais, tem que ser feito através do canal visual, utilizando a escrita, a voz ou sons (quem é surdo pode não ser mudo, mas como nunca ouviu o som das palavras, nem a sua fonética, não sabe articular as palavras e geralmente também não falam) assim, o acto de falar ( linguagem oral, não é mais que a repetição de sons) se for emissor da mensagem e utilizando a leitura labial, se for receptor. Como forma de comunicação utilizam a linguagem verbal – escrita e a não – verbal

Incidencia: Canal
Défice: canal auditivo
Superhavit : canal visual
Mensagem predominante: verbal – escrita e não - verbal

Comunicação nos mudos:
Aqui os 5 sentidos estão activos, mas existe uma limitação no tipo de mensagem a transmitir através da linguagem verbal – oral.
Estas pessoas utilizam todos os canais, com predominância da linguagem não - verbal, fazendo uso da linguagem gestual como forma principal de comunicação.
Incidencia: Mensagem
Defice: linguagem verba-oral
Superhavit: linguagem não-verbal
Mensagem predominante: não-verbal
Comunicação nos  cegos:
A visão é aqui o sentido que falta, logo não poderão utilizar o canal da visão para comunicarem.
Estas pessoas têm a audição muito apurada, bem como os sentidos cinestésicos. O tacto, o olfacto são também bastante sensíveis.
A mensagem é meramente transmitida através da linguagem verbal, utilizando muito pouco a linguagem não-verbal, excepto no toque como forma de localização
Incidencia: Canal
Defice: canal visual
Superhavit: canal auditivo e cinestésico
Mensagem predominante: verbal
Comunicação nos surdos-mudos:
O sentido da audição não está presente e a linguagem verbal não é utilizada.
Estas pessoas comunicam principalmente pela linguagem gestual e também pela linguagem labial, utilizando também a linguagem verbal-escrita, mas predominando a não-verbal.

Incidencia: Canal e Mensagem
Defice: linguagem verba-oral
Superhavit: canal visual
Mensagem predominante: não-verbal
Identificando as várias limitações das pessoas com necessidades, ao nível dos meios e canais da comunicação, no uso dos 5 sentidos, falta responder à dúvida da limitação do canal que usam, ou seja será que não poderá haver uma comunicação eficiente, entre um surdo-mudo e um cego? E destes com as pessoas normais? Será que os surdos – mudos e cegos também não podem utilizar outro canal do que o predominante?
Como se disse anteriormente, é preciso, primeiramente que o emissor e receptor conheçam e utilizem a mesma linguagem e o mesmo canal para a comunicação ser eficiente. 
Hoje em dia, com o desenvolvimento das TIC veio melhorar em muito a eficiência nas comunicações, contribuindo para uma maior inclusão social e diminuição das descriminações e conflitos.
A comunicação entre os surdos-mudos e cegos era quase impensável e impossível, pois se um não fala, nem ouve o outro não vê. Mas o desenvolvimento das TIC contribuiu para o aumento das relações e das comunicações entre estes 2 grupos bastante afastados.
Os surdos mudos, como vimos, comunicam pela escrita e linguagem gestual. Obviamente estas não podem ser usadas na comunicação com um cego que utiliza a linguagem verbal, mas se houver um meio de comunicação síncrona ou assíncrona, com conversores de texto em voz e de voz em texto, então essa comunicação é possível.
Já foram identificados casos, nomeadamente no Brasil, onde um cego comunicava com um surdo-mudo através do computador com ajuda de conversores de escrita/voz


Assim a comunicação pode ser cada vez mais eficiente e menos ruidosa, mais inclusiva e mais assertiva, com o aumento dos conhecimentos dos respectivos canais e linguagens utilizados e pelo conhecimento, uso e desenvolvimento das TIC e contribuindo para uma melhor educação das pessoas com necessidades educacionais especiais.
19/10/2010


Simulação para um debate sobre " A importância de comunicarmos"

Três possíveis pontos, a constar da agenda do debate “ A importância de comunicarmos”:
A) O que é e para que serve a comunicação
B) Como se comunica
C) A comunicação no futuro
 A) O que é e para que serve a Comunicação: Todos os seres vivos comunicam, desde os animais ao homem. No ser humano a comunicação serve para: Antropologicamente, a comunicação permite conhecer as origens e evolução histórica do Homem, por exemplo, através dos desenhos rupestres. Historicamente, a comunicação permite a continuação da existência humana, pois chegando a entendimentos, evita conflitos e problemas, caso contrário haveria disputas que poderiam extinguir o ser humano. Sociologicamente, a comunicação é uma forma da integração social do homem através dos seus relacionamentos e desenvolvimento da cidadania. Etimologicamente, a palavra comunicação vem do latim communis, colocar em comum os seus sentimentos, emoções, pensamentos, ideias, de forma à criação da sua própria identidade. Através da comunicação, também se aprende sobre a troca de experiências pessoais, com os relatos de acontecimentos de gerações passadas, com a transmissão de ensinamentos culturais, contribuindo para a evolução futura, tendo uma função pedagógica. Por fim, o acto de comunicar, não é abstracto, tem implícita uma rede cognitiva, que através de impulsos do sistema nervoso, consegue descodificar e responder de forma a manter a comunicação, contribuindo para o seu desenvolvimento sensorial e biológico.
Já vimos para que serve a comunicação, mas o que é Comunicação? Segundo Beaudichon (2001), a comunicação pode ter várias definições, do ponto de vista do:
- Senso comum – os dicionários franceses Petit Larouse e Littré, definem a comunicação como “acção de comunicar alguma coisa: noticia, mensagem, informação”, ou no Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora “ dar a conhecer; divulgar; anunciar; informar; transmitir algo,..relacionar-se; exprimir-se; falar…”
- Psicólogos – comunicação é a transmissão de informação entre uma fonte e um receptor, através de um canal e pode ser deformada, por causa de erros ou ruídos, causando ao descodificador ambiguidades na sua interpretação (Shannon e Weaver, 1949)
- Sociólogos - comunicação é a interacção entre indivíduos, estabelecendo relações interpessoais entre eles
- Linguístico – assenta na definição de Shannon e Weaver, onde a transmissão de informação é feita por meio de mensagens que assentam numa linguagem.
Em conclusão, viver em sociedade, sobreviver e o desenvolvimento da mesma, assenta na colaboração entre os indivíduos a ela pertencentes, conseguida recorrendo à cooperação entre todos, assente na comunicação. Esta consiste na transmissão de mensagens, que comportam informação, entre uma fonte e um receptor, por um canal, sujeito a ruídos, numa base de interacção entre indivíduos.
 B) Como se comunica: A comunicação assenta no modelo de Shannon e Weaver e incorporando o modelo de Lasswell (a azul)
Emissor – quem transmite a mensagem, codificada
Receptor – A quem recebe a mensagem, descodifica-a e reage com que efeito, retornando-a ao emissor – feedback (resposta)
Mensagem – conteúdo de informação que diz o quê
Canal – veículo por onde a mensagem é transmitida – através de que meio, sofrendo interferências, ruído
A forma de comunicação interpessoal, tem uma linguagem Verbalescrita ou oral  e Não verbalvector visual: gestual/mímica, expressões faciais, olhar, postura; vectores voco - acústicos: utilização do tom de voz, silêncio, pausas, ritmo; vector táctil, térmico, olfactivo: toque, odores; simbólica ou emblemas: uso de vários símbolos identificadores de personalidade e status.
Os canais utilizados são o canal auditivo, visual e cinestésico e os seus meios são o telefone, rádio, jornais, revistas, televisão, cinema, internet, email, audiovisuais, arte,…
A comunicação requer uma interacção, podendo haver relações interpessoais, entre 2 ou mais indivíduos - comunicação bilateral (diálogo, discurso, conversação, debate) ou relações intrapessoais, quando só existe 1 indivíduo – comunicação unilateral (caso do solilóquio – falar consigo próprio, ou monólogo - falar sozinho, mas na presença de outros, numa só direcção).
C) A comunicação no Futuro: A comunicação tem evoluído a grande ritmo, muito por culpa do desenvolvimento tecnológico que fez evoluir os meios de comunicação e que contribuiu para o desenvolvimento da comunicação de massa. A sociedade está a transformar-se em sociedade digital (Tornero, 2007), com o crescente poder da televisão, telemóvel e internet . Estes meios vieram a acabar com as barreiras físicas, espaciais e temporais. Agora a comunicação e a crescente informação, já não conhecem fronteiras de países, barreiras de deslocação e de espaço e termina com a noção da hora e do dia, pois a qualquer altura do dia ou da noite, ela encontra-se acessível a uma enorme velocidade de transmissão, passando a vivermos numa realidade virtual (Tedesco,2000 e Tornero,2007). Contudo as pessoas isolam-se à frente dos ecrãs, deixam de conviverem de saberem articular o pensamento com o conhecimento, tornam-se pessoas irreflexivas e desprovidas de sentimentos. O excesso de informação muitas vezes não verificada e confirmada, transforma-se em desinformação e conduz a uma literacia do conhecimento.
Como diz Saramago (Maniére de Voir, 1999)“A informação só nos torna mais sábios se ela nos aproxima das pessoas… Pode-se ignorar o mundo, não saber em que universo social, económico e político se vive, e dispor de toda a informação possível. A comunicação deixa, assim, de ser uma forma de comunhão.”
O conhecimento e a informação deverão se utilizados em proveito do desenvolvimento humano, de forma global e assente nos princípios do conhecimento pertinente de Morin, do saber ser e fazer com espírito crítico, criatividade e inteligência, pondo em prática os 4 Pilares da Educação de Delors, no uso das novas tecnologias.
As três estratégias a utilizar para fomentar a discussão no debate:
A) Utilização de linguagem adequada
B) Recurso às Novas Tecnologias da Informação e Comunicação
C) Solicitar o feedback
  A) Utilização de linguagem adequada: Utilizando correctamente a semântica e usando em conjunto a linguagem verbal e não verbal, contribui em muito para colocar interesse no debate e criar empatia nos intervenientes. O uso de linguagem adequada, apropriada e com clareza, de acordo com a idade das crianças, dentro do contexto, a um nível simétrico dos intervenientes, recorrendo à postura corporal, aos gestos, olhares, tom de voz cativante, vestuário, sorriso, evitando os silêncios, permite uma escuta activa por parte dos receptores.
  B) Recurso às Novas Tecnologias da Informação e Comunicação: Uma vez que o uso dos meios de comunicação já se encontra muito difundido e usado pelas camadas jovens, o recurso aos audiovisuais como meio de transmissão de mensagens, ajuda a cativar a atenção e a esclarecer. O uso de vídeos elucidativos, imagens cativantes e até por vezes provocadoras, prende a atenção, motiva o interesse e estimula os sentidos, o pensamento e a critica.
   C) Solicitar feedback: Solicitar a participação de uma forma harmoniosa, descontraída, sem incluir um julgamento, suscita à reflexão e até à utilização do espírito crítico do que foi apreendido, reduzindo falhas de comunicação e distorções. Aqui a interacção pode ser estimulada no sentido da colaboração de todos os intervenientes, podendo o moderador lançar questões práticas, fáceis de perceber e até de exemplos reais sobre o conteúdo do debate.
Bibliografia:
Rêgo, L.C.A. – “Teoria da comunicação, conceitos”:http://www.univ-ab.pt/~bidarra/hyperscapes/video-grafias-319.htm
Saramago, “Para que serve a Comunicação(1999)
Beaudichon,J. –  (2001) A Comunicação – Processos, formas e aplicações
Tornero, J. (2007). Comunicação e Educação na Sociedade de Informação
Delors,J.(1996) Educação um Tesouro a Descobrir
Tedesco, J.C.(1999) O Novo Pacto Educativo
Morin,E.(2000) Os Setes Saberes Necessários à Educação do Futuro
02/11/2010

INTERNET E OS JOVENS PORTUGUESES

Situação das Tecnologias de Informação e Conhecimento em Portugal 2010
ü  A evolução das TIC em Portugal é recente de há 10/15 anos
ü  A televisão encontra-se em casa de 99% da população
ü  Metade da população tem 2 telemóveis, sendo a taxa de penetração de 150%
ü  60% dos agregados familiares têm computador
ü  54% desses agregados familiares têm acesso à Internet
ü  50 % dos acessos à Internet são por banda larga
ü  O Alentejo continua a ser a região do país onde se usa menos o computador e a Internet, sendo mais intenso o seu uso nas grandes áreas metropolitanas
ü  O uso do computador e da Internet decresce com o aumento da idade
ü  A TV digital por cabo já chega a 23% dos agregados familiares e já ultrapassou a TV analógica por cabo
ü  Portugal é o 2º país da UE27 com mais penetração da banda larga móvel e o 3º com banda larga fixa
ü  A banda larga, teve o maior crescimento médio anual de 21%, permitindo o contínuo crescimento da Internet.
ü  O sexo masculino utiliza mais o computador e a Internet do que as mulheres e quem tem formação superior utiliza mais estas ferramentas. Estas são usadas todos os dias, principalmente em casa, sendo os estudantes os seus maiores utilitários
Os jovens portugueses e a Internet
Partindo do estudo realizado por Abrantes, sobre a “Internet e os Jovens”, cujos resultados do Quebec-Canada constam em “Ecrãs em Mudança”(pp13-24), os resultados desse estudo referente aos jovens portugueses, sobre o que pensam sobre a Internet e que se encontra em http://www.bocc.ubi.pt/pag/abrantes-jose-carlos-jovens-internet.html , são:             
Ø  O que os jovens portugueses entre os 12-17 anos pensam acerca da Internet, não difere muito dos resultados apontados pelo estudo para o Quebec
Ø  Os jovens portugueses também sentem que a Internet é-lhes útil e que não é perda de tempo, pois é divertida, melhora a comunicação com outras pessoas, e ajuda nos estudos, sem impedir o convívio social.
Ø  Consideram inovadora e de fácil aprendizagem e que os seus conteúdos são fiáveis, mas consideram algum cuidado
Ø  Não são totalmente dependentes da Internet, havendo metade de jovens que podem prescindir e outra metade que é dependente, mas passam pouco tempo nos dias de semana, usando mais a Internet ao fim de semana
Ø  Dizem que é importante o domínio do inglês, pois consultam mais páginas em inglês, contrariamente ao estudo dos jovens do Quebec, embora não seja uma ameaça à língua portuguesa
Ø  Consideram mais agradável aprender com os livros do que com a Internet, embora a pesquisa seja eficaz nas duas modalidades
Ø  A escola e o professor continuam a ter importância e que não irão ser substituídos pela Internet, pois valorizam o convívio e as trocas pessoais
Ø  No futuro a Internet vai subsistir de igual maneira com outros media, como o telemóvel e a TV, considerando-os como direitos adquiridos
Ø  Consideram que no futuro, só se consegue arranjar emprego, se se souber utilizar e dominar a Internet
Ø  No futuro a Internet irá ter uma importância maior, para as compras online
Ø  Na pesquisa de páginas, utilizam constantemente motores de busca e revisitam várias vezes a mesma página
Ø  O controle parental não é muito forte, deixando-os à vontade e sozinhos nas suas navegações
Ø  A quase totalidade dos jovens utilizam diariamente o computador e a Internet e o seu domínio é adquirido através dos amigos e auto aprendizagem. Contrariamente ao estudo feito por Abrantes em 2002 para Portugal, actualmente a residência passou a ser o lugar privilegiado para utilização destas TIC , ficando a escola para 2º lugar
Ø  Em relação à utilização que os jovens fazem da Internet, serve principalmente para procurarem informação para trabalhos escolares, para comunicar através de mensagens em chats, fóruns, blogues, messenger, receber e enviar emails e para lazer em jogos, música, fotos, e filmes
A sociedade da informação e do conhecimento e a Educação
Desde 2006, houve uma evolução muito grande no equipamento escolar português, que se encontrava muito atrasado em relação aos outros países da OCDE. Com a introdução das TIC e da banda larga, ligando todas as escolas e com a distribuição de computadores portáteis, servindo como ferramenta educacional, mas também como forma de equipar todos os agregados familiares. As escolas devem fazer uso dessa tecnologia, nomeadamente com a utilização da Internet, no desenvolvimento da aprendizagem, porque:
v  estimula a curiosidade inata das crianças
v  é motivadora
v  permite enormes possibilidades de pesquisa
v  fornece informações para o desenvolvimento educativo
v  desenvolve a autonomia das crianças
v  desenvolve o raciocínio lógico na elaboração das pesquisas e na escolha das informações válidas e fiáveis
v  combate o insucesso escolar e o abandono escolar
v  permite a troca de informações com outras comunidades escolares
Tem que se criar condições para que as escolas estejam equipadas com as novas ferramentas de informação e comunicação, mas também tem que se reinventar, reestruturar, adaptar novos comportamentos e formas de trabalhar. É necessário que as escolas ensinem a trabalhar com as novas ferramentas tecnológicas, mas também a trabalhar a informação por elas gerada. A Escola tem que:
*       Educar para os media, ensinando a manusear, a compreender as informações produzidas, a interpretar essas informações
*       Desenvolver competências para produzir novos conhecimentos
*       Desenvolver a criatividade, o espírito crítico e construtivo 
*       Desenvolver novos valores culturais, morais, sociais e éticos
*       Abandonar o espírito competitivo e desenvolver o colaborativo
A escola tem o papel fundamental na sociedade, para passar do mito da sociedade da informação e conhecimento de Tornero, para a construção e desenvolvimento dessa mesma sociedade, na formação do cidadão, pleno da sua liberdade, autónomo e consciente do compromisso de participação que terá de ter na nova sociedade do conhecimento.
Bibliografia:
Abrantes, J.C – “Ecrãs em Mudança”, Livros Horizonte,2006
 Tornero, J.M.P. – “O futuro da sociedade digital e os novos valores da Educação para os Media” – disponibilizado online Uab
 Abrantes, J.C. – Relatório final “ Os jovens e a internet: representação, utilização, apropriação”, - http://www.bocc.ubi.pt/pag/abrantes-jose-carlos-jovens-internet.html
 Governo de Portugal -Notícias ,2005 - http://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/Noticias/Pages/20101105_Not_SocInf.aspx
 Umic – Estudo “A Utilização de Internet em Portugal 2010” no Quadro do “World Internet Project“ - http://www.umic.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=3494&Itemid=161
Destaque INE, 2010 - http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=83386604&DESTAQUESmodo=2
 Destaque INE, 2009 - http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=42406406&DESTAQUESmodo=2

domingo, 29 de janeiro de 2012

Vetores de intervenção educativa para as imagens

Os vectores de intervenção para a educação para as imagens passam principalmente pela presença activa do adulto educador (professor, pais, encarregados de educação). Se as crianças souberem que estão acompanhadas pelos adultos conseguem se distanciar melhor das imagens violentas e se libertarem dos sentimentos negativos. Assim os educadores devem:
- Incentivar as crianças a expressarem as suas emoções, para que elas as entendam melhor e saberem gerir os seus sentimentos.
- Os adultos têm que estar disponíveis para ouvirem as crianças, pois uma forma delas se livrarem dos sentimentos negativos é falando deles. Assim se a criança souber que tem um adulto disposto a ouvi-la, a acompanha-la e a validar as ideias que construíram sobre as imagens, falando com elas, conseguem aliviar esse stress.
- Não se deve obrigar as crianças a falar, pois há crianças que têm primeiro que fazer as suas representações corporais e psíquicas, assimilando e organizando as imagens, para depois poderem falar sobre elas.
- os educadores e os produtores das séries/ filmes com imagens violentas deveriam explicar como são feitas essas imagens, como são feitos os efeitos especiais, que são actores que fingem as cenas( making off), para a criança puder se distanciar dessas imagens e distinguir entre a ficção e a realidade, entre o que viu e o que imaginou.

Bibliografia: Abrantes,J. C. (Coord.) (2006) . Ecrãs em Mudança, Lisboa: Livros Horizonte

A motivação das noticias violentas

O jornal Correio da Manhã é o jornal diário que mais tiragem tem em Portugal e o mais lido, com 40% de quota de mercado (http://pt.wikipedia.org/wiki/Correio_da_Manh%C3%A3_(Portugal)).
É um jornal generalista, populista, com notícias de carácter violento e discurso sensacionalista e trágico.
O alvo do jornal é os cidadãos, geralmente de classes e rendimentos baixos, que têm uma maior propensão para sentimentos negativos e vivencias desfavoráveis. A grande motivação deste jornal é fazer com que as pessoas falem umas com as outras sobre as notícias, criando uma forma de socialização, e até de opinião pública, pois é mais fácil falarem das noticias do que dos seus próprios problemas. Este jornal é muito procurado por este tipo de informação, porque as pessoas se identificam com as notícias, justificando os sentimentos desagradáveis e negativos, que sentem no dia-a-dia e que por vezes não conhecem as causas, nem as razões, transferindo essas emoções para as notícias, como razão principal.

Bibliografia: Abrantes,J. C. (Coord.) (2006) . Ecrãs em Mudança, Lisboa: Livros Horizonte

A gestão individual do mal estar das imagens

Síntese informativa: Os Power Rangers é uma série televisiva de 5 jovens humanos reais, (não são desenhos animados, o que lhes confere realismo), que vão à escola e têm vidas normais, mas que têm a missão de defender a Terra das forças malignas, de uma personagem feminina extraterrestre, dos seus monstros e de outros vilões. Têm poderes especiais quando vestem uns fatos especiais, que lhes esconde a identidade e usam armas de alta tecnologia, que lhes dão energia e poderes sobrenaturais. Quando não conseguem combater as forças do mal isolados, depois de muita luta prolongada, eles juntam-se para formarem um super- poder e utilizam máquinas/veículos potentes que se juntam para fazer uma máquina gigantesca e super-potente. Combatem as forças do mal através de lutas marciais ninja, com pontapés e murros e com o auxílio das armas, destruindo tudo à volta e termina com a derrota do vilão, não a morte, pois ele volta sempre nos outros episódios. Por usarem seres humanos e ser uma série com carácter repetitivo, confere realismo às cenas, confundindo a realidade com a ficção, envolvendo mais as crianças nas imagens e em actos de violência, através da luta.
Por ser uma série mediática, a criança conhece como a série é feita e quais são os actores (making-off), podendo se distanciar da série, transformando psiquicamente as imagens (moldura). As lutas em grupo na série, incentivam comportamentos de violência em grupo onde a criança se integra, pois todos têm os mesmos comportamentos (gestão colectiva do stress), não sentindo vergonha nem agressividade, transformando em prazer as manifestações corporais das lutas ou através das brincadeiras que reproduzem essas cenas violentas, imitando os gestos, atitudes e posturas (como da imagem acima) e falando (linguagem) sobre a série, para darem sentido ao que viram, aliviando o stress emocional produzido por ela.

Bibliografia: Abrantes,J. C. (Coord.) (2006) . Ecrãs em Mudança, Lisboa: Livros Horizonte