A evolução histórica, social, económica, criou condições para um progresso moral, nem sempre conseguido, falando-se hoje em crise de valores. As razões são várias com consequências na sociedade e nas escolas, através da indisciplina, abandono escolar, insucesso escolar e violência, desacreditando a própria instituição educacional, “…a escola deixou de ser um lugar seguro…”
A transmissão de conhecimento de comportamentos e valores morais, é feita de geração em geração pelas famílias, que actualmente se encontram desestruturadas, logo essa transmissão falha. Por outro lado, passa-se pouco tempo em família devido às exigências do mundo de trabalho, havendo pouco contacto familiar traduzindo-se em falta de protecção familiar necessária à segurança da criança (falta lar ético). Colmatando estas falhas os pais protegem excessivamente as crianças, revoltando-se contra a escola e os professores, conforme os vários exemplos retratados no texto A, de agressões dos pais aos professores e colegas. Também a relação da família/escola é reduzida. É necessário que as escolas forcem a aproximação com as famílias, se torne uma escola aberta e flexível, utilizando novas formas de comunicar (TIC) e de funcionar em conjunto com as famílias . A escola deve identificar, alertar e tratar com as famílias os problemas de indisciplina e violência. Tem também a função de transmitir os conhecimentos de comportamentos morais adoptados anteriormente e os valores ideais a seguir.
Vivemos na era do racional e lógico onde tudo é objectivo, levando ao individualismo e subjectivismo, suspeitando de todas as reflexões da consciência. Este objectivismo também caracteriza o ensino escolar. A escola deve dar lugar, à promoção da reflexão do pensamento filosófico, permitindo o desenvolvimento da consciência, à dúvida, à incerteza.
Existe uma confusão entre liberdade e libertinagem derivado da posição privilegiada que a criança goza no ensino, de serem protagonistas da sua própria educação (puerocentrismo). Fazem mau uso dessa liberdade, exagerando e abusando da sua posição, pensando que tudo lhes é permitido, não tendo senso crítico e moral sobre a realidade. A escola deve ensinar que além dos direitos que as crianças conhecem, também lhes assiste deveres sobre a escola, sobre os colegas e sobre a sua própria aprendizagem.
Confunde-se também valores com valorização, pois a sociedade e as crianças formam conceitos vagos de ideias de valores, derivado das suas vontades, que determinam as atitudes de “eu quero, valorizo”. A escola tem que ensinar que valores, são juízos de valor que determinam uma acção e que são adquiridos pela imitação de exemplos a seguir e reflexões sobre atitudes desprezíveis e que estes é que devem ser orientadores de comportamentos morais.
Não existe credibilidade nos sistemas, no próprio homem, nem na sua própria acção, faltando auto estima e valoração da realidade, levando à frustração. Os alunos descrêem no ensino, porque não vêm oportunidades de emprego quando terminarem a escolaridade, os mass media alimentam esperanças que não se concretizam, criando desigualdades sociais, culturais e económicas, aumentando a violência nas escolas, por ser a acção mais fácil e gratuita de colmatar essas expectativas. A educação escolar deve formar indivíduos, não com a finalidade de serem uma força de trabalho qualificada, mas incutir nos alunos que eles são os agentes de mudança da sociedade, do mundo e deles próprios, que podem modificar o seu destino de forma consciente, responsável, autónoma, promovendo valores de cooperação, respeito por si, pelos outros, pelo colectivo, pela diversidade, pela relação entre professor e aluno, numa escola democrática, livre que estimula a criatividade, a espontaneidade e a liberdade de expressão.
O professor incumbido pelo seu código deontológico, tem direitos e deveres que o responsabiliza a educar, através do diálogo e do incentivo, da motivação e ajuda deve promover os valores morais e atitudes por parte dos alunos, de forma neutra mas condutora, clarificando situações, ajudando-os a reflectir, estimulando, através de simulações e exercícios. Os alunos devem determinar os valores a escolher, livremente dentro de várias opções, reflectindo autonomamente sobre os dilemas morais e consequências das escolhas feitas e actuarem de acordo com esses valores, devem ser construtores da sua própria personalidade e educação, mas não desresponsabilizando os outros intervenientes na educação, que também têm direitos e deveres, mas que muitos desconhecem, não são claros e não estão estipulados.
Bibliografia:
- J.M.de Barros Dias – Ética e Educação, UAb, 2004
- Silva, V. Gonçalves da – Violência na escola: “Não mate aula, mate o professor”, artigo de opinião, 2008 – www.psicologia.com.pt
- Santos, J.M. – “Clarificação de valores e a educação para os valores”, Revista fórum on-line, opinião, Julho 2005
20-12-2010
"Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se ensina e como se aprende"
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